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Se tem Frevo, tem alegria: conheça esta manifestação cultural única

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“Quando o frevo começa

Ninguém me segura, vem ver como é

Eu tenho mais que ‘tá’ nessa

Fazendo mesura na ponta do pé

Quando o frevo começa

Ninguém me segura, vem ver como é!”

Dos quatro cantos de Olinda até as ruas históricas do Recife Antigo e os lares dos recifenses, o toque dos trombones e clarinetes faz os corações tremerem. Para muita gente, as primeiras notas das canções mais icônicas já são suficientes para trazer arrepios no corpo e lágrimas nos olhos. Pois é, essa emoção sem igual só poderia ser efeito dele: o frevo!

Capaz de agitar até mesmo quem não é muito de dançar, esse ritmo contagiante tem uma importância cultural que vai muito além das festas carnavalescas. Em Pernambuco, o frevo tem um espaço tão grande na tradição popular que se tornou um símbolo da identidade cultural do estado. E não é à toa: o espetáculo formado pelas cores vibrantes das sombrinhas e pelas acrobacias dos passistas é realmente de tirar o fôlego. 

Como canta Alceu Valença nos famosos versinhos de Bom Demais – o frevo clássico que inaugurou a trilha sonora do nosso passeio de hoje –, não dá para se segurar quando o frevo começa! Por isso, te convidamos a cair no passo com a gente e explorar a riqueza da manifestação recifense que virou até patrimônio mundial. Vamos nessa, que é hora de descobrir a origem do frevo, os elementos mais marcantes desse ritmo inconfundível, a grandeza do Galo da Madrugada e muito mais.

Aqui, você vai desvendar:

História do Frevo: descubra a fascinante origem do Frevo 

Tudo sobre o Galo da Madrugada 

Descubra as principais características do Frevo e os tipos de Frevo existentes 

Frevo de rua

Frevo de bloco 

Frevo-canção 

Frevo: a dança que contagia 

Música de Frevo: um ritmo marcante 

Entenda a importância do Frevo que se tornou Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade

Conheça o Paço do Frevo, em Recife 

Deu vontade de curtir um Frevo de perto? Então não passe só vontade e visite este destino com a Clickbus! 

História do Frevo: descubra a fascinante origem do Frevo

Sabia que a origem do frevo é marcada pela resistência e pela luta por liberdade?

É isso aí! O ritmo começou a dar as caras lá no final do século 19, mais ou menos quando surgiu o Carnaval que você conhece hoje. Antes disso, os dias que levavam à Quaresma eram marcados por uma celebração popular chamada entrudo – o “pai” das festas carnavalescas brasileiras –. Adorado por foliões de todas as classes e origens, o entrudo era um momento que enfraquecia um pouco as barreiras da discriminação social e racial. 

Durante os festejos, a rica bagagem da cultura afrobrasileira tomava as ruas de Recife na forma de manifestações como a capoeira e se misturava com várias outras formas de expressão. Entre elas, estavam as apresentações das bandas marciais militares. E foi dessa união improvável que surgiu o frevo: uma das tradições mais populares do entrudo recifense era a competição entre os grupos musicais do exército, que desfilavam acompanhados pelo gingado dos capoeiristas e pela torcida apaixonada dos foliões.

Os capoeiras se tornaram presenças obrigatórias nas emocionantes batalhas musicais. Eles saíam à frente das bandas, exibindo suas acrobacias habilidosas e pulos complicados ao som dos instrumentos militares para intimidar os grupos rivais. Alguns desfiles terminavam até em briga! Mas com o tempo, os movimentos frenéticos e as piruetas impressionantes herdadas da capoeira foram se transformando em passos de dança e caindo nos gostos de todo mundo. 

O conjunto formado pela música marcial e pela performance dos lutadores era tão fantástico que conquistou até mesmo as elites recifenses, que saíram dos sofisticados bailes carnavalescos de salão e passaram a frequentar as festas do povo. Aquele novo ritmo apaixonante e único inaugurou um movimento cultural capaz de fazer todo mundo ferver na folia. Daí veio o nome “frevo”, que apareceu pela primeira vez no Jornal Pequeno, uma publicação recifense de 1907. 

Até hoje, a incrível origem do frevo é celebrada com muito orgulho nas canções clássicas que embalam os dias e as noites de Recife. Bom demais, né?

Tudo sobre o Galo da Madrugada 

“Ei, pessoal! Vem moçada! 

Carnaval começa no Galo da Madrugada

Ei, pessoal! Vem moçada!

Carnaval começa no Galo da Madrugada”

Não dá para falar sobre a história do frevo sem mencionar o Galo da Madrugada! 

Talvez você até já tenha ouvido falar nele. Afinal, os recifenses adoram celebrar o título do maior bloco de rua do mundo. Importante símbolo da cultura popular pernambucana, o Galo da Madrugada (ou simplesmente “Galo”, para os mais chegados) anima a folia do Sábado de Carnaval com dezenas de trios elétricos que espalham a alegria do frevo pelo Centro Histórico do Recife. Todos os anos, os foliões aguardam ansiosamente pela revelação da icônica escultura do galo gigante que enfeita a Ponte Duarte Coelho durante a Festa de Momo, representando a força das tradições recifenses.

Esse é o ponto de partida do desfile, que arrasta uma multidão gigantesca por um percurso de 6.5 quilômetros movido a puro frevo e animação. Criado em 1978, o Galo da Madrugada saiu pela primeira vez com apenas 75 foliões… que já tinham se tornado 1 milhão na edição de 1991. Muita gente, hein? Pois é, espera só até você descobrir que o número atual fica na casa das 2.5 milhões de pessoas. Sim, tudo isso! Não é à toa que, em 1994, o Galo da Madrugada já estava registrado no Guinness World Records – o livro mundial de recordes – como maior bloco do planeta.

O sucesso do Galo da Madrugada é tão grandioso que inspirou a criação de vários outros blocos ao redor do mundo, como o Pinto da Madrugada de Maceió, o Galinho de Brasília da capital federal e o Sapo da Madrugada dos amazonenses. Aliás, o alcance imenso do Galo fez com que ele ganhasse até alguns “filhos” internacionais, como o Galo na Neve, responsável por levar o frevo recifense para o frio do Canadá. Pense num bloco arretado!

Descubra as principais características do Frevo e os tipos de Frevo existentes

A história do frevo, que você acabou de conhecer, já dá algumas dicas sobre os principais traços dessa manifestação espetacular.

Afinal, a magia hipnotizante do ritmo remete às origens que explicamos lá em cima: uma das principais características do frevo é a música acelerada marcada pela presença forte dos instrumentos de sopro – como os que eram usados nas bandas militares –. Na dança, o frevo exibe os movimentos rápidos e acrobáticos que vieram da capoeira.

São essas características do frevo que fazem dele um movimento cultural tão inconfundível. Por estar presente em uma diversidade imensa de lugares e situações, o ritmo acabou se manifestando de maneiras únicas que deram origem a diferentes variações – que a gente te mostra a seguir –. Confira, abaixo, a classificação dos tipos de frevo!

Frevo de rua 

O frevo de rua é a modalidade musical que conserva o que há de mais tradicional nas características do frevo.

Em outras palavras, esse é o frevo “original”, tocado por uma orquestra com instrumentos de sopro e de madeira. É a variação que embala a dança, sempre com um ritmo rápido e super alto-astral. Dividido em três subtipos (frevo-coqueiro, frevo-abafo e frevo-ventania), o frevo de rua é 100% instrumental, sem nenhum tipo de letra ou declamação. Durante o Carnaval pernambucano, as orquestras aparecem por todos os cantos nas folias de Recife e nas famosas ladeiras de Olinda, sempre acompanhadas pelos estandartes coloridos das agremiações.

Frevo de bloco 

No frevo de bloco, as clássicas características do frevo ganham um charme diferenciado.

Isso porque essa variação é marcada pelo um pouco mais lento, parecido com o das antigas marchinhas carnavalescas. As canções são embelezadas pelo toque melódico dos instrumentos de pau e corda (como o violão) e pela poesia rica das letras. Geralmente cantadas por corais de mulheres, elas trazem temas emotivos e nostálgicos, com muitas lembranças carinhosas do Carnaval de antigamente.

Uma das composições mais famosas do frevo de bloco é a faixa Madeira que Cupim Não Rói, de 1963. Ela foi escrita pelo músico pernambucano Capiba, que expressou em forma de poesia a frustração pela derrota de seu bloco, o Madeira do Rosarinho, na competição tradicional entre as agremiações carnavalescas do Recife. Naquele ano, o grupo tinha perdido o título de campeão para o também famoso Batutas de São José, o que foi visto como injustiça por muita gente.

Para a surpresa de todo mundo, o desabafo musical de Capiba foi tocado como forma de protesto no desfile dos blocos vencedores e ainda ficou marcado para sempre na memória cultural dos recifenses. E é claro que a gente vai te dar uma palhinha desse clássico cheio de importância histórica! 

Aqui vai um pedacinho dessa obra imortal do frevo de bloco (mas vale muito a pena pesquisar o título para conferir na íntegra depois, hein?):

“Madeira do Rosarinho

Vem à cidade sua fama mostrar

[…]

Não vem pra fazer barulho, vem só dizer… e com satisfação

Queiram ou não queiram os juízes, o nosso bloco é de fato campeão!

E se aqui estamos, cantando esta canção

Viemos defender a nossa tradição

E dizer bem alto que a injustiça dói

Nós somos madeira de lei que cupim não rói!”

Frevo canção

Por último – mas não menos importante –, vem o maravilhoso frevo canção.

Essa é a variação que une as características do frevo de rua com a beleza das letras poéticas. Musicalmente, o frevo canção é muito parecido com o primeiro tipo que apresentamos aqui: as músicas são agitadas e o ritmo ligeiro é composto principalmente pelos instrumentos de orquestra. A diferença é que, nesse caso, elas são cantadas. Aliás, o frevo canção faz parte do repertório de vários grandes intérpretes pernambucanos. Alguns bons exemplos são Bom Demais – a faixa que apareceu lá em cima, na introdução deste post – e Voltei Recife – que abre a nossa próxima seção –. As duas são composições de Alceu Valença, um dos maiores nomes do frevo recifense.

Frevo: a dança que contagia 

Passista de frevo em uma rua do Centro Histórico de Olinda. Ela posa em frente a construções antigas e segura uma sombrinha de frevo colorida.

“Cadê Toureiros, cadê Bola de Ouro?

As Pás, os Lenhadores, o Bloco Batutas de São José?

Quero sentir a embriaguez do frevo

Que entra na cabeça, depois toma o corpo

E acaba no pé!”

É, Alceu, não tem jeito melhor de descrever a dança do frevo. Parece mesmo uma embriaguez que domina o corpo inteiro!

Isso porque, além de provocar uma sensação extasiante que contagia todos os sentidos, o frevo é uma dança rápida e vigorosa que exala alegria. Os passistas – como são chamados os dançarinos – sincronizam suas piruetas e acrobacias com o ritmo vibrante da música, flexionando os braços e pernas com uma velocidade impressionante em meio a saltos e quedas. 

Essa forma de dançar é tão única que aparece até em um dos títulos mais icônicos do forró, outro gênero muito querido em Pernambuco. A homenagem foi obra de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, na música Pagode Russo:

“Ontem eu sonhei que estava em Moscou

Dançando pagode russo na Boate Cossacou

Parecia até um frevo, naquele cai ou não cai

Parecia até um frevo, naquele vai ou não vai”

Resumindo, a dança do frevo – inspirada pela capoeira – exige habilidade e disposição… e bastante força nos joelhos! Mas é claro que qualquer pessoa pode arriscar os movimentos mais básicos (como o “ferrolho” e a “tesoura”) e cair no passo sem coreografias tão complicadas. Afinal, o frevo é pra todo mundo!

Música de Frevo: um ritmo marcante 

Como você já sabe, a música do frevo se desenrolou a partir das antigas bandas marciais.

Por isso, até hoje, ela é caracterizada pelo protagonismo dos metais e dos instrumentos de sopro. No frevo de rua, assim como no frevo canção, o som pulsante e frenético fica por conta de saxofones, trompetes, clarinetes, trombones e tubas. O tempo das músicas é marcado principalmente pelos batuques do surdo, da caixa e do pandeiro. Já no frevo de bloco, a musicalidade é incrementada por violões, banjos, flautas e cavaquinhos.

Se você quiser curtir um pouquinho do frevo aí na sua casa, pode mergulhar sem medo na discografia de Alceu Valença, que já foi mencionado várias vezes aqui. Além dele, vale a pena incluir alguns outros grandes astros pernambucanos na sua playlist, como Almir Rouche, Getúlio Cavalcanti, Capiba, Nelson Ferreira, Elba Ramalho, Silvério Pessoa e Maestro Spok.

Entenda a importância do Frevo, que se tornou Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade 

É difícil não se apaixonar pelo frevo, né?

Mais do que um estilo de música e dança capaz de encantar pessoas de todos os lugares do mundo, ele é uma expressão viva da tradição artística pernambucana e um verdadeiro tesouro da cultura brasileira. Os lindos elementos do frevo têm o poder de contar a trajetória de um povo inteiro! Assim como o maracatu e o forró, o ritmo é um elo importantíssimo entre os recifenses e a própria identidade cultural de Recife.

Em reconhecimento a essa grandiosidade, o frevo recebeu do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, em 2007. Poucos anos depois, a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) declarou que a importância do frevo vai muito além das fronteiras do Brasil. Por isso, desde 2012, ele é considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade!

Conheça o Paço do Frevo, em Recife 

Até aqui, você com certeza já aprendeu muita coisa sobre o frevo. Então que tal ir ainda mais fundo na exploração dessa bagagem incrível?

Para quem gosta de arte, história e turismo cultural, a melhor pedida é passar alguns dias na capital pernambucana. Na terra natal do frevo, você terá várias oportunidades de conhecer esse ritmo fantástico de perto! Durante a sua estadia, não deixe de reservar um tempinho para visitar o Paço do Frevo, um dos melhores museus de Recife. Desde 2014, esse espaço maravilhoso situado bem no coração do Recife Antigo se dedica ao estudo, preservação e difusão da beleza do frevo.

Durante o passeio, você poderá desbravar os grandes marcos da história do frevo, aprender tudo sobre os blocos mais icônicos do Carnaval recifense, apreciar a beleza dos estandartes coloridos e, é claro, curtir muita música! O Paço do Frevo fica na Praça do Arsenal, perto de vários pontos turísticos de Recife. Ele funciona de terça a sexta, das 10h às 17h, e de 11h às 18h nos sábados e domingos. Ah, e o melhor de tudo é que os ingressos custam apenas R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia), com entradas gratuitas toda terça-feira.

Aliás, sabia que Recife é um destino maravilhoso para quem deseja aproveitar muito gastando pouco? O Paço do Frevo é só uma das várias opções de rolês culturais acessíveis que você encontra na capital pernambucana. Além disso, é super fácil chegar até a cidade viajando de ônibus, uma alternativa perfeita para os viajantes econômicos que não abrem mão do conforto e da praticidade. 

Curtiu a ideia? Então pega essas passagens de ônibus para Recife que separamos para você!

Deu vontade de curtir um Frevo de perto? Então não passe só vontade e visite este destino com a Clickbus! 

Várias sombrinhas de frevo penduradas em fios de nylon. Elas enfeitam uma rua de Recife.

O frevo madruga

Lá em São José

Depois em Olinda, na Praça do Jacaré

Bom demais, bom demais

Bom demais, bom demais

Menina vamos nessa

Que esse frevo é bom demais!

Igual ao frevo, só ele mesmo!

A gente sabe que você já conseguiu sentir daí a magia desse valioso patrimônio pernambucano. História, resistência, tradição, alegria, cultura e arte: o frevo é tudo isso e muito mais! E por incrível que pareça, o fenômeno incomparável que você acabou de conhecer é apenas uma partezinha da imensa bagagem cultural que está esperando por você em Recife. Pode se preparar para uma viagem daquelas que ficam na memória pra sempre, visse?


Se quiser viver experiências inesquecíveis na capital pernambucana, não deixe de conferir também o conteúdo sobre as festas populares de Recife e as nossas dicas de ouro sobre o que fazer em Recife. Aliás, pode contar com a gente para deixar todas as suas viagens pelo Brasil ainda mais incríveis! Aqui no Tô de Passagem, todos os posts são pensados especialmente para quem adora desbravar as maravilhas do nosso país.

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