Tambor de Crioula: uma linda manifestação religiosa do Maranhão

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Maranhão sou eu

Maranhão sou eu

Terra de Gonçalves Dias

Maranhão sou eu…

Tá ouvindo esse batuque envolvente? É o som poderoso do tambor de crioula!

Não é segredo que São Luís é um verdadeiro caldeirão cultural. Dona de uma rica bagagem herdada de povos europeus, africanos e indígenas, a Ilha do Amor está sempre fervilhando com tradições encantadoras. Nas charmosas ruas de paralelepípedo do Centro Histórico de São Luís, os antigos casarões enfeitados com azulejos portugueses dividem espaço com manifestações populares centenárias, como o tambor de crioula e o famosíssimo bumba meu boi.

Encontrados com frequência em São Luís e em muitas outras cidades maranhenses, os grupos de tambor de crioula sempre chamam a atenção de quem passa junto: o ritmo cativante da música, a dança cadenciada pelos batuques, as saias coloridas e a alegria dos brincantes formam um espetáculo lindo de se presenciar. Hoje, a gente vai te mostrar um dos vários motivos que fazem o Maranhão ser um prato cheio para quem curte turismo cultural. Vem com a gente para descobrir o que é o tambor de crioula, como ele surgiu e quais elementos fazem parte desse patrimônio imaterial precioso.

Pode se preparar para dançar muito, hein? Você está prestes a descobrir:

Saiba o que é o Tambor de Crioula 

Desvende a história e origem do Tambor de Crioula 

Dias Municipal e Nacional do Tambor de Crioula 

Tambor de Crioula: instrumentos que tornam esta manifestação única  

Conheça a dança do Tambor de Crioula

As vestimentas do Tambor de Crioula carregam significado

Não perca a chance de visitar a Casa do Tambor de Crioula 

Explore esta e muitas outras manifestações culturais e religiosas do Maranhão viajando com a Clickbus! 

Saiba o que é o Tambor de Crioula 

Tambores usado no Tambor de Crioula apoiados no chão por alguns suportes de madeira

O tambor de crioula é uma mistura hipnotizante de dança, música, fé e ancestralidade!

É difícil não se deixar levar pela animação dessa manifestação popular autenticamente maranhense. Quando um grupo de tambor de crioula se reúne – uma ocasião chamada de brincadeira –, o ar é tomado pelas batucadas rápidas dos tocadores. As letras das canções são puxadas pelos cantadores, enquanto o gingado da dança fica por conta das mulheres. Dançarinas? Nada disso! Dançadeiras, como se dizia antigamente e como permanece até hoje, já que o tambor de crioula é a expressão de uma antiga tradição afro-brasileira.

Apesar de terem uma relação forte com a devoção a São Benedito – como explicaremos daqui a pouco –, as brincadeiras do tambor de crioula nem sempre acontecem por razões religiosas. Com aparições mais frequentes durante o Carnaval e as festas juninas, a manifestação não está ligada a períodos ou datas específicas. Ela rola o tempo todo, em todas as épocas do ano, pelos mais variados motivos: os grupos podem se reunir para agradecer a São Benedito, celebrar um aniversário, comemorar a vitória do time do coração, homenagear o nascimento de uma criança, receber amigos ou parentes que vieram de longe, festejar bumba meu boi… ou simplesmente porque deu vontade nos brincantes mesmo.

Não tem tempo ruim para curtir uma boa batucada, né?

Desvende a história e origem do Tambor de Crioula 

Meu São Benedito

Vosso manto cheira,

Cheira cravo e rosa

Flor de laranjeira

Embora seja difícil determinar as origens exatas do tambor de crioula, uma coisa é certa: ele nasceu como símbolo de esperança e resistência.

Alguns registros históricos mostram que, no século 19, já existia uma prática muito parecida com as brincadeiras de hoje em dia. As reuniões dançantes eram organizadas pelos escravizados e seus descendentes, como forma de conexão com as raízes africanas. A presença forte dos tambores, assim como a dança circular, já faziam parte do repertório cultural de vários povos africanos. Esses elementos foram trazidos ao Brasil durante a escravidão e deram origem a várias manifestações que se tornaram símbolos da identidade brasileira, como o tambor de crioula e o samba de roda.

Desde seu surgimento, o tambor de crioula mistura o lúdico e o religioso. Os primeiros brincantes não se juntavam apenas para celebrar a ancestralidade e promover momentos de lazer em meio aos dias exaustivos. As brincadeiras também eram ritualísticas, feitas para louvar São Benedito. 

Apelidado como “o mouro” ou “o negro”, São Benedito é o santo católico cultuado como protetor das populações negras. Sua história tem várias versões diferentes: segundo uma delas, Benedito era um escravizado que fugiu para a mata e fez um tambor a partir de um tronco de árvore. Dizem que ele teria sido responsável por ensinar os outros negros a tocarem o instrumento, contribuindo para a criação do tambor de crioula. Outra variação da história mostra Benedito como cozinheiro de um mosteiro. Nessa versão, ele escondia comida em suas roupas para ajudar as pessoas que passavam fome. 

Não dá para saber quais desses relatos transmitidos de geração em geração são realmente verdadeiros. Mas o fato é que São Benedito é super importante para os grupos de tambor de crioula. Hoje em dia, muitas brincadeiras ainda têm um teor ritualístico – é comum que os brincantes se reúnam para pagar promessas feitas ao santo ou celebrar os milagres dele, por exemplo –. Até quando a fé não é a principal motivação por trás dos batuques, as menções a São Benedito aparecem o tempo todo nas canções que acompanham os tambores.

Dias Municipal e Nacional do Tambor de Crioula 

Símbolo da cultura maranhense, o tambor de crioula já teve sua grandeza reconhecida de várias formas diferentes.

Em 2007, a manifestação foi registrada pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como Patrimônio Imaterial do Brasil. Além disso, ela é homenageada por duas datas comemorativas: desde 2004, a cidade de São Luís celebra o Dia Municipal do Tambor de Crioula em 6 de setembro. Alguns anos mais tarde, surgiu também o Dia Nacional do Tambor de Crioula, comemorado em 18 de junho. Na capital maranhense, os dois dias são festejados ao som dos tambores, com direito a muita música e dança. 

Tambor de Crioula: instrumentos que tornam esta manifestação única  

Tambores tradicionalmente usados nas manifestações de tambor de crioula. Os três instrumentos estão deitados no chão, com os topos virados para uma fogueira acesa.

Como o próprio nome sugere, o tambor de crioula tem uma presença bem marcante da percussão. São os batuques que conduzem os movimentos das dançadeiras e tocam o coração dos espectadores.

Por isso, o protagonismo sonoro do tambor de crioula fica por conta da parelha – como é conhecido o conjunto de três tambores utilizados nas brincadeiras –. A parelha é composta por instrumentos de tamanhos diferentes: o tambor maior é conhecido como roncador (ou rufador); o de tamanho intermediário é o chamador (ou meião) e o menor de todos é o crivador (também apelidado de pererengue). Alguns instrumentos “coadjuvantes”, como a matraca e o pandeiro, ajudam a construir o ritmo inconfundível do tambor de crioula.

Tradicionalmente, os tambores são feitos a partir de troncos de árvores, e a pele (parte superior, que recebe os batuques) costuma ser de couro. Depois de montados, os instrumentos recebem um banho de azeite doce e são colocados no sol até ficarem totalmente secos (é o chamado “ponto de honra”). 

A parte mais curiosa é a forma de afinar a parelha antes da brincadeira! Quem não conhece a tradição pode até estranhar ao ver um trio de tambores deitados ao redor de uma fogueira acesa. Mas é assim mesmo: é que o calor das chamas deixa o couro perfeito para a batucada.

Conheça a dança do Tambor de Crioula

A gente já mencionou que um grupo de tambor de crioula não é nada sem a dança, né?

Pois bem, a batucada é um convite irresistível ao movimento. Durante as brincadeiras, até quem não tem o costume de dançar acaba se rendendo à vontade de mexer o corpo – especialmente por causa do gingado contagiante das dançadeiras –. Os passos têm uma fluidez de cair o queixo, com uma coordenação impecável entre quadris, tronco e braços que lembra um pouco o samba de roda do Recôncavo Baiano.

Assim como no ritmo da Terra do Dendê, a dança do tambor de crioula começa com uma formação circular. Sem coreografias, as dançadeiras se alternam para ocupar o centro da roda, animando a brincadeira com movimentos harmoniosos e vibrantes. Quando a brincante que está no meio do círculo decide passar a vez para alguma outra, ela faz o convite com o movimento chamado de punga (ou umbigada), uma espécie de toque com a barriga ou os quadris.

As vestimentas do Tambor de Crioula carregam significado

O uso de roupas específicas nem sempre esteve presente no tambor de crioula.

Essa parte da tradição é um pouco mais recente: os trajes que são marca registrada das brincadeiras começaram a aparecer no século 20. Hoje em dia, quase todo grupo de tambor de crioula tem dançadeiras vestidas com longas saias esvoaçantes de estampas multicoloridas. Também é comum o uso de blusas enfeitadas por rendas e babados. Colares de contas, pulseiras, brincos e turbantes completam a riqueza visual das brincantes. 

Essa linda composição faz referência a alguns elementos tradicionalmente utilizados por vários povos africanos – é o caso do torço, também chamado de turbante e pano de cabeça –. Os colares de contas se parecem bastante com as guias, cordões de miçangas coloridas que têm uma importância sagrada para o candomblé e outras religiões afro-brasileiras.

Não perca a chance de visitar a Casa do Tambor de Crioula 

Vai visitar São Luís? Então tire um tempinho para conhecer a Casa do Tambor de Crioula!

Inaugurado em 2018, o espaço não se define como museu. Ele é um centro de referência inteiramente dedicado à preservação e à divulgação do lindo patrimônio cultural que acabamos de te apresentar. Situada em um antigo casarão no Centro Histórico de São Luís, a Casa do Tambor de Crioula realiza exposições e eventos que proporcionam um verdadeiro mergulho nas tradições ligadas ao ritmo. É um passeio cultural super envolvente, divertido e enriquecedor! 

Quer adicionar esse atrativo incrível no seu roteiro? Então anota aí o endereço: a Casa do Tambor de Crioula fica na Rua da Estrela, nº 308-282, Centro Histórico de São Luís. As portas estão abertas para os visitantes de terça a sábado, das 9h às 18h, e no domingo, das 9h às 13h.

Aliás, caso você esteja planejando passar uns dias na Ilha do Amor, que tal chegar até ela viajando de ônibus? Essa é a melhor opção para os aventureiros que gostam de se locomover pelo Brasil com praticidade. De quebra, você ainda economiza nos custos de transporte e guarda uma grana extra para usar na viagem. Se quiser, confira essas passagens de ônibus para São Luís do Maranhão que separamos para te ajudar.

Explore esta e muitas outras manifestações culturais e religiosas do Maranhão viajando com a Clickbus! 

Vista da parte traseira e interna de um ônibus com pessoa sentadas nos bancos

Quando você tiver a chance de acompanhar uma roda de tambor de crioula, vai entender por que essa expressão apaixonante é tão adorada pelos brincantes e espectadores.

A cadência dos tambores, as palmas sincronizadas, os sorrisos, a poesia das letras: tudo na brincadeira contribui para uma explosão de cultura e alegria que é difícil de descrever. A gente tem certeza de que o ritmo da batucada vai te fazer vibrar de um jeito único. Para conhecer o tambor de crioula e outros encantos maranhenses, você pode aproveitar a facilidade de comprar passagens online. Depois, é só fazer as malas e se preparar para uma experiência inesquecível!

Ah, e para continuar aprendendo sobre as festas e tradições fascinantes do Brasil, pode acompanhar a gente aqui no Tô de Passagem. Nossos conteúdos vão te ajudar a mergulhar nos tesouros culturais espalhados pelo país e a desbravar os destinos nacionais mais encantadores.

Viajar muda a gente, então não perca a oportunidade de cair na estrada!

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