Reggae do Maranhão: musicalidade que virou herança brasileira

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Mais um dia se levanta

Na Jamaica brasileira

Mais uma batalha que desperta

A Nação Regueira…

Você com certeza conhece pelo menos uma canção de reggae: quase todo mundo já escutou as faixas icônicas do jamaicano Bob Marley, por exemplo. Mas você já ouviu falar no reggae do Maranhão?

Pois é, a terra do bumba meu boi e dos Lençóis Maranhenses sempre foi dona de uma diversidade cultural impressionante. Sua capital, São Luís, é o resultado de uma mistura vibrante entre heranças europeias, africanas e indígenas… com um toque especial da influência caribenha. Adorado entre fãs de todas as idades e classes sociais, o reggae do Maranhão anima as noites ludovicenses com o ritmo envolvente que sai das radiolas e domina as ruas da cidade. 

Longe de ser uma moda, o reggae maranhense é um elemento cultural super importante que vem crescendo há mais de 30 anos e já se tornou símbolo de São Luís. Não é à toa que a Ilha do Amor recebeu o apelido carinhoso de “Jamaica Brasileira” e teve o título de Capital Nacional do Reggae reconhecido até por lei. Hoje, a gente te leva para mergulhar nesse repertório incrível com direito a muita música, dança e história! Pode colocar a sua playlist favorita para tocar a vir com a gente, que vamos te mostrar os encantos do reggae do Maranhão, a vinda do ritmo para o Brasil e o acervo fantástico do Museu do Reggae.

Você está prestes a descobrir:

Saiba tudo sobre a história do Reggae no Brasil 

Entenda por que o Reggae do Maranhão é tão especial

Museu do Reggae: parada obrigatória no Centro Histórico de São Luís 

Pontos turísticos próximos ao museu para estender o passeio

Lugares para você curtir um pouco do Reggae do Maranhão

Curta o embalo deste ritmo relaxante de perto, enquanto descobre ainda mais pontos turísticos do Maranhão com a Clickbus!

Saiba tudo sobre a história do Reggae no Brasil 

Antes de desbravar a história do reggae no Brasil, vale a pena conhecer um pouquinho da origem desse gênero mundialmente aclamado.

O reggae nasceu na Jamaica na década de 1960 como derivação de um outro ritmo afrocaribenho, o ska. Mais do que uma batida contagiante e cheia de personalidade, ele carregava mensagens de paz e de igualdade social que se tornaram hinos da luta contra os preconceitos. Com raízes em várias tradições culturais africanas, o reggae se tornou rapidamente um elemento de união e identificação para as populações negras do mundo inteiro quando se espalhou pelas rádios internacionais, virando também um símbolo de resistência. 

No Brasil, o Maranhão foi a porta de entrada para o groove incomparável e a rica filosofia do reggae. Não se sabe exatamente como esse intercâmbio cultural aconteceu, mas os pesquisadores do tema falam de duas hipóteses que poderiam explicar a chegada do reggae ao território brasileiro. Segundo uma delas, o ritmo teria se espalhado por São Luís por causa dos marinheiros que iam contrabandear café no Caribe. Quando voltavam das viagens marítimas, eles presenteavam suas pretendentes e seus amigos com discos de reggae jamaicano. Outra versão da história diz que o ritmo chegou ao litoral do Maranhão por meio de ondas das rádios da Jamaica, que eram captadas pelas antenas em São Luís.

Quando os anos 1980 chegaram, o reggae já tinha ganhado um espaço de destaque na cultura ludovicense. Por causa das críticas sociais tocantes das letras, as canções foram abraçadas primeiro pelas regiões mais periféricas. Mas o gênero se espalhou rapidamente pelas mais diversas classes sociais e passou a tocar nas rádios de todo o país. Entre os maiores nomes da cena nacional estão lendas como Gilberto Gil, Edson Gomes e o grupo ludovicense Tribo de Jah. 

Embora tenha se popularizado no Brasil inteiro, o som do Caribe tomou uma proporção diferenciada em São Luís.

Na Jamaica brasileira, o gênero musical deu origem a um movimento cultural único e incorporou características que não existem em nenhum outro lugar do mundo – nem na própria Jamaica –. Os sound systems, conjuntos de som formados por caixas de grave empilhadas que pulsavam nas festas caribenhas, ganharam uma versão maranhense: as radiolas. Esses equipamentos são usados para amplificar o trabalho dos DJs, grandes responsáveis por agitar os bailes de reggae do Maranhão. Eles tocam as adoradas “melôs” – como são chamados os grandes hits do gênero – em clubes, salões, festas e eventos abertos. É comum encontrar radiolas tocando nas ruas de São Luís, ao ar livre, acessíveis para quem quiser chegar junto e curtir o ritmo.

O reggae do Maranhão também tem traços culturais bem particulares: o ritmo tem uma batida mais lenta e cadenciada do que o “original” jamaicano, o que traz um ar mais sensual e romântico para as melôs. Alguns estudiosos acreditam que essa característica tenha vindo da influência de tradições folclóricas locais, como o bumba meu boi e o tambor de crioula. Incrível, né?

Além disso, o Maranhão é o único lugar do mundo em que o reggae é dançado a dois. É isso aí! Na Jamaica brasileira, as canções apaixonantes do gênero são aproveitadas em pares, em uma modalidade cheia de malemolência conhecida como “agarradinho”. Esse jeito de dançar é tão único que já existe até uma proposta para transformá-lo oficialmente em Patrimônio Cultural Imaterial do Maranhão. 

Se você estava atrás de sugestões sobre o que fazer na sua próxima viagem em casal, pode planejar sua ida a São Luís. A gente garante que a oportunidade de dançar o reggae agarradinho é a melhor pedida para um roteiro a dois!

Museu do Reggae: parada obrigatória no Centro Histórico de São Luís 

Construções do Centro Histórico de São Luís. Os casarões em estilo português têm portas e janelas enfileiradas e fachadas revestidas por azulejos.

Sabia que o reggae do Maranhão tem um memorial dedicado especialmente a ele?

Estamos falando do único museu focado em reggae que existe fora da Jamaica – e o segundo voltado para esse tema a ser inaugurado no mundo –, o Museu do Reggae Maranhão. Criado em 2018, o espaço existe para preservar e divulgar a história do reggae no Brasil e a importância do ritmo para a cultura maranhense. Hoje, ele é um dos principais atrativos turísticos da capital.

O Museu do Reggae Maranhão fica na Rua da Estrela, em uma das belas construções antigas do Centro Histórico de São Luís. Ao chegarem, os visitantes são recebidos por guias que conduzem o passeio com explicações históricas e sociológicas sobre o movimento reggae da Jamaica brasileira, além de muitas curiosidades fascinantes. Os ambientes decorados em amarelo, verde e vermelho – cores oficiais da filosofia regueira – proporcionam um verdadeiro mergulho nos elementos que tornam o reggae do Maranhão tão único.

Durante a visita, você terá a oportunidade de conferir uma instalação montada para reproduzir o interior dos primeiros clubes de reggae de São Luís. Além das complexas aparelhagens conhecidas como radiolas, a exibição inclui homenagens aos quatro estabelecimentos que mais marcaram a história do movimento no Maranhão: Clube Pop Som, Clube Toque de Amor, Clube União do BF e Clube Espaço Aberto. Já no ambiente chamado de Sala dos Imortais, o acervo conta com discos, fotografias antigas, recortes de jornais e materiais que celebram os grandes nomes maranhenses do reggae. Tem até relíquias como a guitarra usada pela banda Tribo de Jah e a radiola que pertencia ao DJ Serralheiro – nome artístico de Edmilson Tomé da Costa, uma lenda da cena regueira local –.

É um acervo de respeito, hein? E não acaba por aí! O Museu do Reggae Maranhão também administra a Biblioteca do Reggae, uma coleção digital com livros, dissertações, artigos e vários outros recursos preciosos usados para pesquisas. Por fim, o espaço conta ainda com uma cafeteria super charmosa, o Roots Café. Ela fica lá dentro do museu e é o jeito perfeito de fechar sua visita com chave de ouro. Anota a dica aí: o bolo de macaxeira (ou aipim, se você preferir) do Roots é simplesmente divino. 

Pontos turísticos próximos ao museu para estender o passeio



Apesar de ser um passeio super rico, a visita ao Museu do Reggae Maranhão costuma durar no máximo 1h.

Por isso, a gente recomenda que você inclua esse programa na sua tour pelo Centro Histórico de São Luís, que é um prato cheio para quem curte turismo cultural. Única capital do Brasil nascida da colonização francesa, a Ilha do Amor tem uma bagagem histórica fantástica que aparece em cada uma das antigas construções do centro. As ruas de paralelepípedo abrigam um casario colonial impecavelmente preservado, repleto de tesouros arquitetônicos erguidos no século 17. O movimento constante de turistas e moradores dá uma animação especial aos muitos bares, restaurantes e lojas do bairro.

Além de apreciar a beleza dos casarões revestidos com azulejos portugueses – marcas registradas da cidade –, vale a pena separar um tempinho para visitar o lindo Palácio dos Leões, sede do Governo do Estado, e a Praça Gonçalves Dias, homenagem a um dos muitos grandes nomes da literatura maranhense. Passe também na Praça dos Poetas e no lindíssimo Beco Catarina Mina, que tem uma escadaria super charmosa perfeita para tirar belas fotos. Outro ponto imperdível é o Mercado Casa das Tulhas, o centro comercial mais tradicional do estado. Ele tem lojinhas de artesanato maravilhosas que vendem de tudo, de roupas e lembrancinhas até produtos típicos como frutas, doces e a famosa cachaça tiquira.

O Centro Histórico de São Luís também abriga uma variedade incrível de museus e memoriais tão fascinantes quanto o Museu do Reggae. Tem atrativos para todos os gostos: vale muito a pena visitar o Museu da Gastronomia Maranhense, a Casa do Maranhão (que tem um acervo folclórico maravilhoso), o Museu de Artes Visuais, a Casa de Cultura Huguenote Daniel de La Touche e a Casa do Tambor de Crioula.

Ufa! Bastante coisa, né? Em resumo, pode separar um tempinho para curtir o Centro Histórico de São Luís com calma, porque tem bastante coisa para conhecer. 

Aliás, se você está planejando sua viagem para a Ilha do Amor, pega a dica: que tal economizar no trajeto e guardar uma graninha para aproveitar mais os passeios? Se você adora desbravar o país sem gastar muito, vai adorar saber que é super fácil chegar a São Luís viajando de ônibus. Assim, além de fugir dos preços das passagens aéreas, você ainda viaja sem se preocupar com limitações de bagagem. 

Para facilitar seu planejamento, já separamos aqui algumas passagens de ônibus para São Luís do Maranhão. Se quiser, confira também nossas dicas sobre quando ir a São Luís.

Lugares para você curtir um pouco do Reggae do Maranhão

O Museu do Reggae Maranhão é incrível… mas nada se compara à experiência de vivenciar o ritmo do mesmo jeito que os ludovicenses fazem: curtindo as festas de reggae de São Luís!

Depois de passar o dia turistando no Centro Histórico de São Luís, você pode aproveitar para conhecer um cantinho massa que fica no mesmo bairro, o Resenha SLZ. Pode se preparar para dançar a noite toda! Para quem quer unir o som das radiolas com apresentações ao vivo espetaculares, vale a pena conferir o Talkin Blues, no Cohajap. Os shows de reggae rolam toda quinta-feira por lá, com bandas que mostram o melhor do ritmo ludovicense.

Outro clássico das noites regueiras é o Rotatória, que conserva a cultura apaixonante do som movido a discos de vinil – como nos clubes de antigamente –. Se você quiser mergulhar de verdade na cena do reggae de São Luís, não deixe de visitar também o Central Roots e o Bar do Nelson, dois points tradicionalíssimos que são adorados por regueiros de todas as idades.

Curta o embalo deste ritmo relaxante de perto, enquanto descobre ainda mais pontos turísticos do Maranhão com a Clickbus!

Caixas de som grandes, médias e pequenas usadas para montar as radiolas, equipamentos sonoros presentes nas festas de reggae maranhenses.

Regueiros Guerreiros

Do Maranhão

[…]

Lutando contra preconceitos, diferenças sociais

Só que no fim de semana o Reggae é a lei

Dançando no Toque, no Pop, no Palace!

Todo Regueiro é um rei!

A gente até tentou, mas é difícil traduzir a grandeza do reggae do Maranhão em palavras!

Para os regueiros ludovicenses, o movimento reggae é muito mais do que uma preferência musical. É um estilo de vida, uma parte da identidade, uma ferramenta de luta contra as injustiças da sociedade. O casamento artístico entre Brasil e Jamaica deu origem a uma forma de expressão cultural única – não é à toa que até mesmo quem não se interessa muito pelo ritmo jamaicano acaba se apaixonando pelo reggae do Maranhão depois de visitar São Luís –. E acredite se quiser: isso é apenas um pedacinho de tudo que a Ilha do Amor tem a oferecer.

E aí, gostou do nosso passeio pela Capital Nacional do Reggae? Então vem descobrir outras maravilhas culturais do nosso país! Aqui no Tô de Passagem, a gente sempre fala sobre música, dança, arte, tradições, costumes e lugares incríveis espalhados pelo Brasil. Para continuar desbravando tudo isso, é só acompanhar nossos posts.

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